segunda-feira, 23 de julho de 2007

Hermeto - Vila de Paranapiacaba (epifania nº 1)

Ta-tchiraup-Tchiraup-Pô-Pom-Paaaaa-Paaaaaa-Paaaaaaaaa-Borau-Bau-Pau-Peeennnnn-Bim-Paaa-Loren-Bem-Obanpê-Lorembê-Paummm-Shitonnnn-Tuta-ta-ta

Doou todas as suas cores para a música. Batendo mundos em bombas de bolhas d’água. Hermeto dos braços de marreta. No ar agitos de vaga-luzes. E a banda bem-bando o bom do tempo.

Chamou dois craques. Yamandu e Tiago Espírito Santo no maremoto de chamas, as palmasgritamultaflamejante. E Hermeto no nó do redemunho, a soltar mundos paralelos.

Todos no coro que Yamandu puxava repentista: “Hermeto é o maior” – “Hermeto é o maior” – “Hermeto é pai da música” – “Hermeto é pai da música” – “Hermeto é o maior” – “Hermeto é o maior”. No que, sem deixar barato, Hermeto corrigia missionário: “Ele diz que’eu sou’o’maior” – “Ele diz que’eu sou’o’maior” – “Vou dizer quem é o maior” – “Vou dizer quem é o maior” – “O maior é Deus do Céu”.

E o órgão de ventania, espatifando-se nos murros de contrabaixo, raspando pêlos na virilha da viola, deixando-se masturbar pelas pontadas do piano, pãraráparáparados pela bateria bicada de percussinha.

Foram-se Yamandu e Tiago. Ficou a voz. Profeta. Disse Hermeto: “Isso aqui é um templo. Foi lindo tocarmos aqui, fazer o que fizemos. É lindo porque tocamos com vocês”, e soprava sertões para o lado do povo esquecido do sol. Branco como barbudo. Hermeto mais: “Isso aqui foi lindo” – Yamandu e Tiago já com os grilos do mato lá pra trás – “Lindo porque vocês participaram com a gente. Isso é dádiva. É dádiva”.

E Som borbulhando cometas de cactos. Oratório de notas explosivas, louquinhas para voar. “A gente faz música universal, se chama música universal porque está fora dos padrões, é feita de amor e criatividade”. Segura o chapéu contra a luz azul que holofita ele.

Olha malucão, sereno de loucura. Sorve o suco pascal, Hermeto. Transmite: “Pra mim o maior doido que existe, o mais doido de todos os universos... é Deus, que foi quem colocou a gente aqui nesse mundo doido lindo”.

Portanto, pede estourando faíscas de alegria: “Uma salva de palmas pra Deus!”

E nós, comungados, inundados da relva-foguetório de som e abraçados pelas serras gordas e musgos, rompemos – revelação -, aplaudimos grandes aplausos para Deus.

TáTá- Lorembom – Rembom – Tchirá-Pá – PôrirabiringuindomlunbumbÁ – PirirápUmmm – Pim – Pum – Larapá – Bammmmm - ArraraaAAAAAAÁÁÁ

3 comentários:

Anônimo disse...

Gustavo

Parabéns, você conseguiu ouvir além da música, ver além do concreto e sentir além do palpavél.

Lindo !!!!

Rogério Ferro disse...

“Pra mim o maior doido que existe, o mais doido de todos os universos... é Deus, que foi quem colocou a gente aqui nesse mundo doido lindo”. Isso é sabedoria!

Abrs!
R

Anônimo disse...

muito bom, gustavo. gostei de "ver" a sonoridade de hermeto no texto. e que ótima frase a dele sobre deus ser o maior doido que existe...

abraço.