sexta-feira, 20 de julho de 2007

Natureza Morta

Aí eu bombei ela uma pá de vez.

- E o que aconteceu?

Começou a sangrar. Acho que começou a arregaçar as prega do cú dela, meu. E aí?

- Por que você fez isso?

(olha pra baixo e balança a cabeça chupando os próprios lábios) ...

- O que ela falava?

Falava pelamordedeus, pára, pára, cê tá me arrebentando, seu filhadaputa, pelamordedeus, esses papo.

- O que mais?

Era isso aí, meu. Falava que tava morrendo.

- O que você sentiu?

(balança a cabeça e parece que vai sussurrar algo, mas estanca e olha nos olhos)

(silêncio)

(constrangimento)

- Você gostaria de fazer isso de novo?

Aê, cê tá achando que o baguio é preza? É nada, meu irmão. É louco.

- Por que você fez isso?

(abaixa a cabeça e respira, volta, levanta o queixo em seguida com uma careta de grande esforço)

(olhos nos olhos)

Cê curte uma?

- O quê?

Cê curte uma? Cê sabe.

- Não sei o que é. Você pode me dizer?

Aê, um baguio forte, mano. Trincado.

- Não sei se curto. Nunca experimentei.

No dia que cê’experimentar cê vai ver.

(buzina alta, barulho repetido, motor desligando e som de ventoinha)

- Sua mãe está aí fora te esperando, acho que vamos ter que encerrar por hoje.

Firmeza.

- Até.

Falou.