Dentro da caixa de papelão, o menino ronronava. Sem saber quanto de febre fervia o corpo da criança, a mãe dizia em lamento: “Ô meu filho, não morra, não. Meu filho está morrendo...”
Já estavam largadas as coxas de frango e dois marmitex num saco ao lado. Pelo menos nesse momento, a fome sempre constante não mordia seus estômagos. Havia muitas horas que, de olhos fechados, o menino balbuciava um sopro morno e desfalecido. Clareava seus rostos o pisca-pisca da loja em frente.
Tocou o sino da igreja mais uma vez. Seriam 10 ou 11 da noite. Ainda andavam pessoas pela rua.
Então o menino abriu os olhos de leve. Tentou encontrar os olhos da mãe. Fixou-se neles. Esticou a mãozinha, que ela segurou paralisada. Apenas um som fino que tentou dizer “mãe”, mas se esfiapou.
Ele deitava suas costas suadas no colo do vento e subia bem alto, quase voltando a sorrir. A mãe lembraria que quis dizer tchau.
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