terça-feira, 4 de setembro de 2007

Manifesto Pró-Jornalismo (rejeito)

Para ser "pró alguma coisa", muitas vezes é preciso identificar os inimigos. Para acolher o jornalismo, é preciso rejeitar. Então vai aí o protesto-rejeito:

- rejeito o jornalismo em que o repórter domina uma situação com o entrevistado ao invés de se abrir a ela;
-rejeito o jornalismo do pré-roteiro;
- rejeito o jornalismo de gabinete;
- rejeito o jornalismo comedido (me ajuda aí, Bandeira) e bem comportado;
- rejeito o jornalismo em que o repórter sai com hora marcada para voltar;
- rejeito o jornalismo das entrevistas de cinco minutos;
- rejeito o jornalismo em que o repórter somente suga seus entrevistados e não aceita uma relação de troca;
- rejeito o jornalismo da prepotência;
- rejeito o jornalismo da superioridade do jornalista em relação às situações que observa ou (pior ainda) aos seus entrevistados;
- rejeito o jornalismo medroso;
- rejeito o jornalismo sem criatividade e refém dos press-releases (conseqüência inevitável do repórter que não sai a campo ou não enxerga o que olha);
- rejeito o jornalismo manualzinho de regras e padrões;
- rejeito o jornalismo sem causa (tenho percebido que não ter causa é pior e mais cínico do que ter uma causa elitista);
- rejeito o jornalismo empáfia;
- rejeito o jornalismo que diz que tudo o que sai do padrão sem gosto é nariz de cera;
- rejeito o jornalismo “bom é o que faz mais rápido”;
- rejeito o jornalismo “fofocas de governo”;
- rejeito o jornalismo que usa o(s) conceito(s) de objetividade para justificar qualquer atitude desumana, linguagem robótica e exclusividade de voz às autoridades.

Manda aí a sua rejeição também. E foda-se o jornalismo com cara de sofá e assoalho lustrado. E viva o jornalismo!

2 comentários:

Rogério Ferro disse...

50% vc tem razao, outros 50, sao bastante discutiveis. imprime o texto e me encontra no bar da esquina...

Anônimo disse...

gustavo, ótimo o seu manifesto. concordo com tudo. acho que todo jornalista deveria, pelo menos uma vez por mês, assistir um flme do eduardo coutinho para entender que entrevistar não é só perguntar mas, antes de tudo, é ouvir a resposta do outro.

um abraço,


denio