O jornalista tem que fazer um grande esforço para captar a realidade – que sempre é muito maior do que o repórter pode sorver e transmitir por meio de uma linguagem. O problema é quando, ao invés de sair a campo para captar a realidade – o máximo que ele puder – ele sai apenas para recortar da realidade as peças de um quebra-cabeça que ele já montou ao seu modo – e em sua cabeça – antes de sair. Fazendo desta forma, ele não se conecta à realidade, apenas a usa. Ele somente se liga à realidade de suas concepções egóicas e não se liberta para a realidade do mundo (e, assim, tampouco ajuda a libertar ninguém).
Esse último jornalismo - egóico, prepotente e pré-conceituoso - serve ao capitalismo (sob o pretexto de ser objetivo, ágil e conciso, para se opor ao impressionismo, à visão política das relações de trabalho, ao tempo estendido de apuração e à extensão vital do texto), é apenas uma pré-pauta recheada de enxertos da realidade que a justifiquem. Nunca isso é reportagem ou notícia.
Porque, por melhor que tenha sido a apuração da produção (entenda-se “produção” todas as atividades que antecedem a saída do repórter a campo, tais como pesquisas, pré-entrevistas etc., realizada pelo próprio repórter ou por um produtor), sempre há diferenças entre a realidade presente na produção e a realidade do campo. E o mal repórter fará essas duas realidades coincidirem à força de fórceps.
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